05/08/2007 - Bem-te-vi
Bem-te-vi
Pitangus
sulphuratus
O bem-te-vi (Brasil ) ou grande-kiskadi
(Portugal) é uma ave passeriforme da família dos tiranídeos de nome científico
Pitangus sulphuratus, que provêm de pitanga guassu, ou seja, pitanga grande, forma pela
qual os índios brasileiros tupi-guarani o chamavam; e do latim sulphuratus, pela cor
amarela como enxofre no ventre da ave.
A espécie é ainda conhecida pelos índios como pituã, pitaguá ou puintaguá.
Outras acepções existentes são triste-vida, bentevi, bem-te-vi-verdadeiro,
bem-te-vi-de-coria, tiuí, teuí, tic-tiui e siririca (somente para fêmeas).
A versão portuguesa da palavra se assemelha com a anglófona: great kiskadee.
Na Argentina é conhecido como bichofêo, vintevêo e bentevêo; na Bolívia como frío; e
de qu'est -ce na Guiana Francesa.
Os únicos representantes do género Pitangus eram o bem-te-vi e a espécie Pitangus
lictor, porém atualmente só uma espécie enquadra-se neste género, o próprio
bem-te-vi.
A espécie Pitangus lictor agora é sinonímia da atual Philohydor lictor, o
bem-te-vizinho.
A escrita bentevi não é reconhecida pelo Vocabulário Ortográfico da Língua
Portuguesa.
Medindo cerca de 23,5 cm, caracteriza-se principalmente pela coloração amarela viva no
ventre e uma listra branca no alto da cabeça, além do canto que nomeia o animal.
Considerado um dos pássaros mais populares do Brasil, é um dos primeiros a vocalizarem
ao amanhecer.
Morfologia
Constitui em uma ave de médio porte, medindo
entre de 22 e 25 cm de comprimento para aproximadamente 60 gramas.
Tem uma coloração parda no dorso; amarela viva na barriga; uma listra (sobrancelha)
branca no alto da cabeça, acima dos olhos; cauda preta.
O bico é preto, achatado, longo, resistente e um pouco encurvado.
A garganta (zona logo abaixo do bico) é de cor branca.
Onde é encontrado
É uma ave típica da América Latina, com uma
distribuição geográfica que se estende predominantemente do sul do México à
Argentina, em uma área estimada em 16.000.000 km².
Entretanto, pode também ser encontrada no sul do Texas e na ilha de Trinidad.
Foi introduzida nas Bermudas em 1957, importadas de Trinidad, e na década de 1970 em
Tobago.
Nas Bermudas, são a terceira espécie de ave mais comum, podendo atingir densidades
populacionais de 8 a 10 pares por hectare.
É um habitante bem conhecido em todas as regiões brasileiras, podendo ser encontrado em
cidades, matas e ambientes aquáticos como lagoas e rios.
Pode-se vê-lo facilmente cantando em fios de telefone, em
telhados ou banhando-se nos tanques ou chafarizes das praças públicas.
Como podemos ver, possui grande capacidade de adaptação.
É uma das aves mais populares no Brasil.
Anda geralmente sozinho, mas pode ser visto em grupos de 3 ou 4 que se reúnem
habitualmente em antenas de televisão.
A ave não ocorre nem na costa ocidental da América do Sul nem no extremo sul (ex: Terra
do Fogo).
Canto
O seu canto trissilábico característico enuncia as sílabas BEM-te-VI, que dão o nome
à espécie.
Portanto, seu nome popular possui origem onomatopéica.
Seu canto pode ser também dissilábico, emitindo um BI-HÍA ou ainda monossilábico,
quando escutamos um TCHÍA.
Escutar o canto · Cantos de bem-te-vi em várias localidades podem ser ouvidos aqui Os
cantos têm sonoridades diferentes consoante o local. É uma das razões de serem
utilizados vários nomes comuns para esta espécie. · Utilizar motor de busca para
localizar ficheiros de som com o canto do bem-te-vi.
Reprodução
Constrói o ninho com capim e pequenas ramas de vegetais em galhos de árvores geralmente
bem cerradas.
Pode inclusive utilizar para construir o seu ninho, sobretudo em zonas urbanas, material
de origem humana: papel, plástico e fios.
Seu ninho tem uma forma de esfera com a entrada na parte superior, medindo cerca de 25 cm
de diâmetro, geralmente é construído no topo de árvores altas, na forquilha de um
galho, mas é muito comum também vê-lo nas cavidades dos geradores de postes, podendo
ficar entre 3 e 12m do solo.
Põe cerca de quatro ovos brancos e alongados.
Eles são brancos logo após a postura, mas após um tempo passam a ficar amarelados.
Os ovos medem 31 x 21 milímetros e são incubados pelo casal.
Não há dimorfismo sexual entre a espécie.
São aves monogâmicas e quando da nidificação o território circundante ao ninho é
defendido vigorosamente, podendo vir a ser agressivo com outros pássaros e até mesmo
outros animais ao se sentir ameaçado.
Por esta razão que faz parte da família dos tiranídeos (de tirano).
É comum vê-los dando rasantes em aves de rapina (principalmente gaviões) que entram no
seu território.
Alimentação
Possui uma variada alimentação.
É insetívoro, podendo devorar centenas de insetos diariamente.
Mas também come frutas (como bananas, mamões, maçãs, laranjas, pitangas e muitas
outras), ovos de outros passarinhos, flores de jardins, minhocas, pequenas cobras,
lagartos, crustáceos, além de peixes e girinos de rios e lagos de pouca profundidade.
Costuma comer parasitas (carrapatos ) de bovinos e eqüinos.
Atrapalha a apicultura por ser predador de abelhas.
Apesar de ser mais comum vê-lo capturar insetos pousados em ramos, também é comum
atacá-los durante o vôo.
Atacam também ninhos de outras aves, como a cambacica.
Em suma, é uma ave que está sempre descobrindo novas formas de alimento.
Devido ao seu regime alimentar generalista, por vezes poderá ajudar a controlar pragas de
insetos, como por exemplo, sabe-se que esta ave se alimenta de répteis do género Anolis.
Estes répteis, por sua vez, alimentam-se de escaravelhos predadores de insetos.
A ave, ao fazer diminuir o número de répteis, fará com que sobrevivam mais
escaravelhos, que aumentando o seu número, poderão controlar (diminuir) o número das
suas presas (neste caso, insetos, que poderão em certas circunstâncias serem
consideradas pragas, prejudicando as atividades humanas).
2007-08-05 - Bem-te-vi - Fonte: Diversas |